Infarto por causas naturais, assassinato por envenenamento de um líder mundial exilado e conspiração internacional. Essas questões estão entre as investigações que cercam a morte do ex-presidente brasileiro, João Goulart, o Jango, morto em 1976. Uma ação pública movida pela família em 2011 e liderada pelo Ministério Público Federal (MPF) e a Comissão da Verdade, foi discutida nesta segunda-feira (4/11), durante audiência pública realizada na Câmara Municipal Porto Alegre (CMPA). A mais polêmica linha de investigação ocorre no próximo dia 13 de novembro, quando será exumado o corpo do presidente, deposto em 1964 pela ditadura militar no Brasil.
Anfitrião dos debates, o presidente da Câmara Municipal Porto Alegre, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), lembrou que o legado político de Jango deve levantar discussões atuais junto à sociedade brasileira. Ele também lembrou que em 2014 se lembrará os 50 anos do golpe militar. “Ano que vem vamos transformar essa Casa em local de discussão sobre as reformas de base, instaladas por Jango. Temos que discutir suas ideias e ideais. Em especial as questões sobre a educação”, afirmou Dr. Thiago.
De acordo com a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que faz parte da organização das investigações, a exumação contará com um corpo técnico comandado pelo MPF e a Polícia Federal (PF), com a participação de peritos uruguaios, argentinos e cubanos. Estes à pedido da família Goulart. Além disso, a ministra destaca a reflexão histórica da investigação e sobre o que foi a ditadura militar. “Temos que ter consciência que um brasileiro foi perseguido e foi vítima da ditadura militar. Recuperar essa memória é a garantia de apoio à democracia”, lembrou Maria do Rosário.
Ex-ministro do governo de João Goulart e atual vereador de Salvador (BA), Waldir Pires revelou que os esclarecimentos sobre a morte do ex-presidente são “um desejo do povo do Rio Grande do Sul e uma necessidade política do Brasil em relação à honra e o mérito do que foi o grande João Goulart”. Pires também abordou a democracia no contexto histórico mundial. “A democracia é o fator de convivência humana mais importante. Para todos”, opina.
Também participaram da audiência pública a viúva de Jango, Maria Thereza Goulart, o neto Cristopher Goulart (suplente de vereador da CMPA) e autoridades políticas municipais, estaduais e federais. Entre elas o prefeito da Capital, José Fortunati, o ex-governador Alceu Collares e o representante do Ministério Público, Miguel Velásquez.
Texto: Leonardo Contursi (reg. prof. 12552)